por Sulamita Esteliam
Ontem, meu computador resolveu tirar o dia de folga, justo no Dia Mundial do Idoso, que se comemora em 1º de outubro. Não houve procedimento que o convencesse a encarar a labuta vespertina e noturna. Celebrou à sua maneira.
Aproveitei a deixa para também celebrar, eu que caminho sem pressa, mas sem pejo, para a tal da boa idade. A despeito do avanço inexorável das marcas sobre a pele, a pontuar o tempo no espelho, gosto de pensar as rugas como marcas de amor nos lençóis… são testemunhos de vida.
Sim, antecipei minha ida para a cama. Por favor, não se apressem em conclusões. Deitei-me em companhia do romance Madame Flaubert, do colega blogueiro Antonio Mello.
Gostei da ironia do título e o encomendei à Publisher, do também blogueiro Renato Rovai, por via postal – eletrônica e regular. Paguei trinta reais, incluindo frete, e recebi em menos de cinco dias, em plena greve dos trabalhadores dos Correios. Isso é que é eficiência.
Trama instigante, em estilo e ritmo elétricos, a envolver escritores e/ou roteiristas de novelas e personagens da política, da TV e botequins. Todos mais ou menos frustrados com a trajetória de suas vidas ou o (des)aproveitamento de seus supostos talentos.
Passa-se no Rio da era Collor, ele próprio assinalado, em narrativa que traduz a superficialidade de uma época e de um meio. A exemplo de Madame Bovary, de Gustave Flaubert, ponto de partida ou inspiração.
Gostei do que li até agora, e já estou quase no fim das 191 páginas. Recomendo.
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PS: Volto para registrar o encantamento de Giuliano Gemma, uma das minhas paixões cinematográficas na adolescência – o outro era o Alain Delon. Gemma se foi de acidente de carro, nos arredores de Roma, aos 75 anos. Notícia capturada no Twitter.