Movimento Feminista vai ao MPF pelo direito de resposta e responsabilização da Globo no caso BBB12

por Sulamita Esteliam

A Rede Mulher e Mídia e outras dezenas de organizações feministas de todo o país querem direito coletivo de resposta e que o Ministério Público Federal investigue a responsabilidade da TV Globo no episódio BBB12. Representação nesse sentido é protocolada hoje no MPF São Paulo, informa as signatárias do documento.

Como se vê, o caso do estupro ao vivo – vá lá, “suposto”, como mandam as regras que apregoam, mas não asseguram, isonomia de direitos na mídia -,  promete jogar muita água fora da bacia. O episódio aconteceu na madrugada do dia 15, envolvendo os participantes Monique e Daniel, este último expulso, “por conduta inadequada”, dia 17 – aquiaqui, neste blogue.

Clique para ler, também, a íntegra do manifesto divulgado, ontem, pelo FNDC – Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação e várias entidades dos movimentos de mulheres e pelo direito  à informação.

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A representação se dirige à Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão. Solicita que o MPF  inclua no procedimento já instalado pelo órgão sobre a Globo a análise de aspectos ainda não considerados pela Procuradoria.

O movimento entende que “a emissora pode ser responsabilizada pela ocultação de fato que pode constituir crime; por prejudicar as investigações da polícia; ocultar da vítima todas as informações sobre o que tinha acontecido quando ela estava desacordada e por enviar ao país uma mensagem de permissividade diante da suspeita de estupro de uma pessoa vulnerável”.

Sustenta seu entendimento relacionando uma série de atos da Globo, diante da repercussão negativa do caso. Por exemplo: a edição das cenas no programa de domingo, as declarações do diretor do BBB, Boninho sobre “racismo” e a fala do animador, Pedro Bial, que tratou a suspeita de violação sexual como “caso de amor”.

“Tal postura da emissora não apenas viola a dignidade da participante como banaliza o tratamento de uma questão séria como a violência sexual, agredindo e ofendendo todas as mulheres”, diz um trecho do documento.

Destaca, ainda, o  conteúdo do áudio da conversa da “sister” com a produção do programa,  que vazou na rede dia 16: “fica claro que ela, até aquele momento, não tinha assistido às cenas da madrugada do dia 15”.

Lembra, também, que os envolvidos somente foram ouvidos pela polícia no dia 17,  mais de 48 horas após o ocorrido, ocasião em que as possíveis provas do crime foram recolhidas. “A emissora, assim, violou o direito da participante saber o que tinha se passado com ela enquanto estava desacordada e prejudicado as investigações da polícia”, observa.

“Em nome de todas as mulheres que se sentiram ofendidas, agredidas e tiveram seus direitos violados por este comportamento da Rede Globo”, pedem um direito de resposta coletivo.

Assinam a representação: Rede Mulher e Mídia, Marcha Mundial das Mulheres, Articulação das Mulheres Brasileiras, Rede Nacional Feminista de Saúde, Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos, Articulação de ONGs de Mulheres Negras Brasileiras, Liga Brasileira de Lésbicas, Blogueiras Feministas e  Campanha pela Ética na TV, dentre outras organizações feministas e entidades do movimento pela democratização da mídia.