O Brasil da mídia não conhece o Brasil

por Sulamita Esteliam

fhcxdilmaOs tempos andam mesmo bicudos? Ou será que estamos nos deixando envenenar pelo humor atravessado da mídia? Falo no plural, porque até mesmo os blogues ditos “sujos” e a mídia alternativa andam com maus bofes, num pessimismo geral e, quase, irrestrito.

Ora, São Paulo, Rio e Curitiba são, ou teimam em ser, outro Brasil. É deste “triângulo das bermudas” que emana  a energia ruim que tem contaminado o país, a partir do noticiário.

Nas duas primeiras cidades encontram-se as sedes dos filiados mais xiitas do PIG, capitaneados pela TV Globo, revista Veja ou Oia, o Globo, Folha de São Paulo, Estadão, TV Bandeirantes e que tais. Na capital do Paraná, se localiza o bunker da chamada República de Curitiba, chefiada pelo juiz federal Moro, que anda reinventando o Estado de Direito.

Além do mais, a realidade é que a crise hídrica está, por ora, restrita ao estado mal-governado por Geraldo Alckimin, não é do Brasil; e os paulistas não têm o direito de nos incluir em seu mau-humor. As quedas de energia, pós-temporais, têm acontecido no Rio de Janeiro, e o Ministro das Minas e Energia já falou que não há risco de crise energética.

E, apesar da  “Guantânamo brasileira”, a Petrobras ganhou três títulos internacionais por excelência tecnológica. Em meio a crise que tenta desmoralizá-la.

Não se trata de negar a verdade, muito menos de compactuar com a corrupção. Trata-se de não se deixar empreenhar pelos ouvidos. De aprender a ler e a interpretar o que está escrito. De não misturar alhos com bugalhos. De usar o cérebro ao invés do fígado.

Como disse bem o ex-presidente Lula, no discurso da celebração dos 35 anos do PT, em Belo Horizonte, sexta passada, o papel da imprensa é informar o que acontece no país. O problema é a manipulação dos fatos: “O critério da mídia é a criminalização do PT desde que chegamos ao poder. Não importa se é verdade ou mentira”.

ordem globalQuer um exemplo claro? Leia a denúncia que o colega Luís Nassif faz no seu GGN, reproduzido pelo Tijolaço: a mensagem da diretora de Jornalismo da Globo, Silvia Faria, aos editores da emissora, proibindo qualquer menção a FHC nas matérias relativas à Operação Lava Jato. Sim, o último delator de plantão confessou à PF que recebe propina desde 1997.

A presidenta Dilma, embora mais comedidamente, repetiu à militância o apelo que fez à sua equipe: “Devemos enfrentar o desconhecimento e a desinformação sempre e permanentemente, sem tréguas. É preciso reagir aos boatos e travar a batalha da comunicação”.

É preciso, entretanto, criar instrumentos para travar a tal batalha:

1) O governo tem que sair das cordas e gerar, cotidianamente,uma agenda positiva e comunicá-la à população.

2) Para isso, há que ter um porta-voz, que lide com os jornalistas no dia-a-dia e passe, também, a versão do governo, além de entrevistas periódicas da presidenta da República.

3) Precisa abrir um canal próprio e direto de comunicação com o povo, já que os meios comerciais lhe fazem oposição – rádio, internet, televisão. O mesmo vale para o PT. Cadê o Muda Mais, que funcionou tão bem na campanha?

4) Urge parar de dar milho aos bodes, tornar a fonte de publicidade governamental para o PIG um deserto como a Cantareira.

5) Enviar ao Congresso o projeto de regulação dos meios eletrônicos, já. Deixar aos senhores deputados e senadores o ônus de rejeitá-lo, se for o caso.

Mas não será uma pesquisa tipo Data Folha que vai tirar o meu prumo, muito menos minha esperança. Quem tem memória sabe o quanto as avaliações deste instituto têm sido furadas ao longo dos anos, e em particular no que se refere aos governos e ou candidatos do PT.

A supor que os números estejam corretos, não trazem surpresa. O contrário seria a presidenta Dilma manter o nível de popularidade com uma narrativa cotidiana tão massacrante, confirmada pelo manchetômetro. E sem o devido cuidado na transparência das ações e no contraponto.

Óbvio que não dá para negar que parte do desgaste, como lembra Fernando Brito, no Tijolaço, “foi produzido por fatos – aumento de preços, tarifa, inflação…” – e eu acrescentaria o malfadado ajuste fiscal ou pacote de maldades – mas boa parte dele é fruto de não-fatos”.

Não obstante, se vigorasse a tragédia como querem nos fazer crer há 12 anos, o Brasil já teria desaparecido no abismo.

Sim, podem me chamar de maluca. Mas não estou sozinha. Alguns colegas jornalistas, pelo menos, navegam na contramão do negativismo, e apontam as janelas de leitura positiva que escapam na própria mídia venal – aqui.

Por exemplo, escreve Paulo Nogueira no Diário do Centro do Mundo:

“(…)

Onde se baseia tanto negativismo?

Nas pessoas é que não é.

O mesmo Datafolha do fim de semana que trouxe queda da aprovação de Dilma – saudada com rojões pela imprensa – mostrou algo que ninguém explorou.

Isto é Brasil 2

(…)

É como se houvesse dois Brasis. O da mídia e o de verdade.”

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Postagem revista e atualizada às 22:53, hora do Recife: correção de erros de digitação e de gramática em diferentes parágrafos; complemento da última frase do 12º parágrafo: “(…) sem o devido cuidado na transparência das ações e contraponto”.

 

 

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